Cavalheirismo cafona?… ou Sedução disfarçada de Gentileza?

Meninas, ainda que este blog tenha se proposto a falar de nós mulheres, peço a finesse de dama de vocês para conversarmos um pouco sobre o polêmico e desgastado tema CA VA LHEI RIS MO! Poooode? Pois é….isso mesmo! No meio de uma calçada de uma rua agitada!

Pois bem! mas de onde vem esse negócio de cavalheirismo? O  termo remonta os romances e novelas de cavalaria da rica literatura peninsular, verdadeiros códigos de conduta medieval e cavaleiresca. Nestes romances são descritos os paradigmas do perfeito cavaleiro, destruidor de monstros e malvados e de quem ao mesmo tempo se deveria esperar sempre um tratamento cortês. Ah…e a “donzela”, que muitos acreditam seria o  “prêmio” do cavaleiro, era uma dama impossível de ser alcançada, e, se da corte daquele, fosse o amor por esta correspondido, os dois acabariam severamente punidos pelo profanação dos preceitos morais.

Pois, pois….senti-me ontem a verdadeira donzela, Oriana, quando eu, ao andar apressadamente por uma calçada, fui pega pela atitude de um homem…jovem! sim jovem….36, 40 anos talvez… que ao me ver mudar a trajetória para não dar de frente com ele, apressou-se, com uma quebra de asa acentuada e um “ops” divertido,….rsrsrs … pegou a coxia e me deixou passar pelo lado de dentro da calçada. Acreditem! Desse jeitinho!

A cena nos tirou um divertido sorriso espontâneo, e de mim um amarelo obrigada, ao qual ele respondeu com um aceno de cabeça e mais um meio sorriso! Confesso que minha atitude não envolveu na hora nenhum questionamento sociológico, apenas percebi que ele estava distraído e naturalmente me desviei, como faria com qualquer pessoa que ali estivesse, até porque não creio que eu a mulher…jovem  ou madura, que seja, devesse ser a “protegida”. Penso que aqui o que se deve guardar é a urbanidade. E daí, o meu agradecimento pela simples gentileza.

Sobre a atitude dele, na hora, não me ocorreu também que ele tenha feito por cavalheirismo…pra mim, pela espontaneidade, me pareceu apenas também simples gentileza. Talvez por estar fora de uso o termo, minha memória linguística não buscou a palavra; ou mesmo, dados os novos tempos, por já não mais esperarmos este tipo de tratamento (será?). E ironicamente, quem sabe resultante dos acirrados embates pela igualdade de direitos, para as/os sexistas aqui de plantão, seria até incoerente precisarmos de cavaleiros nos defendendo na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê.

É lamentável que, movidos ainda por apegos históricos, continuemos numa luta irracional sobre o que é “direito” pra homem e o que é “direito” pra mulher, quando deveríamos nos ater ao que é necessário para a pessoa humana, reforce-se aqui, na sua individualidade e intimidade, independente de gêneros, raças, credos, crenças, cores ou desejos sexuais, contanto que não se firam a dignidade humana e o respeito ao outro tão necessários à harmonia e paz entre os povos. Nesse raciocínio bem simples assim, aritmético até …talvez fôssemos poupados de discussões rasas que jogam no tapete misóginos de um lado, misândricas de outro, e dele se levantam perigosamente seres repugnantes,  misantropos em potencial.

Guardadas as devidas proporções, dada a conjuntura dos fatídicos e crescentes casos de feminicídio, dos quais resultam comentários misóginos e grosseiros que escorrem das alcovas para as redes sociais e  de lá para as calçadas ( não necessariamente nesta ordem),  na beira de uma calçada, atitudes como a desse homem são desconcertantes….nesta altura dos 50, me levam a constatar que fazem um bem danado a gente, hein, meninas? ainda mais feita a corte por um homem jovem.  Com certeza, se fosse do meu desejo e vontade, me deixaria arrebatar, como Oriana, por este amor profano e o carregaria na garupa de meu cavalo.

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3 comentários em “Cavalheirismo cafona?… ou Sedução disfarçada de Gentileza?

  1. erozinha@ibest.com.br Moreira e Silva 3 de setembro de 2018 — 22:26

    Texto lindíssimo, cheio de charme e de candura. Adorei! Que venham bem mais!

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  2. Quem é que não gosta de gentilezas, ainda que tenham segundas intenções. Experimentem dar flores a um homem, abrir a porta do carro pra ele, ou simplesmente dizer: ESTOU ÀS SUAS ORDENS, QUERIDO… Garanto que não irão se arrepender.

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    1. Ah, amiga Penélope, com certeza seu Lancelot soube ditar “as ordens” certinhas, hein? Então …obedecermos a essas ordens podem nos valer muito prazer…kkkkkkkk….beijinho pra você, querida!

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